Os sonhos não têm preço
Estava muito reticente antes de começar a escrever este post, mas a verdade é que isto é mesmo um desabafo. Durante o tempo que estive desempregada, e mesmo agora que estou no estágio, sempre que digo que gostava de ter uma coisa cara, as pessoas fazem uma expressão de desagrado.
Desde os 18 anos que fui arranjando sempre trabalhinhos de modo a suportar as minhas contas e caprichos. Lembro-me que o dinheiro que ganhei no meu primeiro "trabalhito" foi gasto em bilhetes para concertos, e não me arrependo, pois vi concertos com Pearl Jam, Tool, entre outros. Lembro-me também que a primeira vez que fui a Paredes de Coura foi com um bilhete que ganhei num concurso de criatividade. Mas, porque não pedi então dinheiro aos meus pais? Porque não, não achava justo eles financiarem o meu "vício" e lembro-me que mesmo as despesas de almientação e transporte foram pagas por mim. Quando se ganha o primeiro dinheirinho sentimo-nos diferentes, provamos aquele gostinho a liberdade...
Desde então, quis sempre ter as minhas coisas à minha custa, mas numa altura em que o dinheiro só provinha de pequenos "biscates" ou quando as minhas tias me davam uma notinha, apenas dava para aquelas coisas básicas tipo CDS, livros e uns trapitos naquelas lojas que toda a gente já conhece.
Foi nessa altura que comecei a concorrer em passatempos na internet e a ver cada vez mais coisas bonitas, e também muitas vezes inúteis, mas que desejava e não ia comprar porque não tinha dinheiro.
A verdade é que adorava ter um Macbook Pro, um Ipad, um Iphone, uma Bimby ou mesmo uma mala Furla Candy, não tenho porque não tenho dinheiro, mas isso não me impede de sonhar e gostar de um dia vir a possuir. Se esses objectos me iriam tornar mais feliz, não sei, talvez sim talvez não, mas o que eu quero dizer com isto, é que não acho justo que nos repreendam por termos sonhos consumistas.
Um dos meus sonhos também é liquidar o empréstimo da casa dos meus pais e dar-lhes um viagem à volta do mundo. Se isso vai acontecer, não sei, provavelmente não, mas se essa esperança não se mantiver, mais vale enterrar a cabeça na areia como as avestruzes. Ou seja, toda a gente tem direito a ter sonhos fúteis ou não fúteis, quer esteja desempregado ou empregado, assim como cada um manda na sua carteira.
Se eu comprasse agora um smartphone ou um tablet estando desempregada / a estagiar, toda a gente me iria criticar (não que eu tenha um smartphone, mas sim gostava de ter um, nem que fosse de marca branca, pois para mim iria funcionar como um canivete suiço), mas a verdade é que desde que eu o pagasse, ninguém tinha nada a ver com isso. Não é verdade? Assim, SONHEM e não tenham medo de desejar coisas fúteis como uma colecção inteira de peluches ou canecas ou o que for, os sonhos são grátis e isso ninguém vos pode tirar.