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My Cherry Lips

Um blog sobre moda, beleza, comida e lifestyle, onde partilho convosco tudo o que gosto e que faz parte do meu dia a dia.

Ter | 07.11.17

Fotografia é trabalho

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Antes de mais quero "dizer" que pensei muito antes de escrever este texto, mas algum dia tinha de ser. Não só porque tenho isto cá "entalado" há muito tempo, mas porque acho importante que se "fale" sobre esta questão: fotografia é um trabalho e há que respeitá-lo como tal.

 

Uma fotografia não nasce só de um clique, ela vem do que vimos e do que vivemos até chegar aquele clique, isto é houve um passado que contribuiu para que tivéssemos fotografado aquele assunto daquela maneira. Não foi só chegar ali, carregar no botão e "puft fez-se chocapic", pois muitos de nós fotógrafos estudámos para fazê-lo. 

 

No meu caso, o meu primeiro contacto com a fotografia foi através da minha mãe, pois quando era pequena, ela tinha uma Kodak e tirava-me muitas fotografias. Mais tarde, aos 8/9 anos e depois de eu ter estragado a sua máquina fotográfica de tanto tentar fotografar sem rolo, os meus pais ofereceram-me uma máquina da Barbie e assim comecei a fotografar os animais da quinta onde vivia, os passeios que fazíamos e até os meus colegas da escola (eles não se devem lembrar, mas eu ainda guardo os negativos).

 

Entretanto, os rolos começaram a ficar muito caros e a fotografia ficou um pouco de lado para mim (ainda que o bichinho tivesse ficado lá, principalmente o da Polaroid), mas aos 15 anos por causa do Fotolog voltei à fotografia. Primeiro com as máquinas digitais dos meus amigos e depois com a minha própria máquina. Fotografava paisagens, fazia auto-retratos e todas aquelas fotos clichés que fazemos nessa idade. 

 

Já aos 18 anos quando fui repetir o 12º ano para Coimbra integrei o Clube de Fotografia da Escola Secundária Avelar Brotero onde aprendi as técnicas básicas, a revelar, fiz muitos exercícios e o bichinho da fotografia continuava a crescer em mim. Aliás, até pensei em ir estudar Fotografia para a ESAP. No entanto, como os meus pais não podiam pagar-me uma universidade privada, acabei por seguir Novas Tecnologias da Comunicação, na Universidade de Aveiro, mas à medida que o curso evoluía, a paixão pela Fotografia crescia e daí a começar a colaborar com o Diário de Aveiro, foi um instante.

 

Lá fotografava e escrevia sobre concertos que via e sentia que estava a evoluir cada vez mais, ainda que fosse um trabalho pro bonno. Só que, a certa altura a minha máquina compacta já não servia as minhas necessidades e os meus colegas não podiam estar sempre a emprestar-me as máquinas deles. Assim, convenci os meus pais a ajudar-me e comprei a minha primeira máquina reflex (entretanto já lá vão umas quantas), máquina essa que foi paga a prestações, com a promessa que eu começaria a fazer trabalhos pagos para abater o seu valor.

 

Ora aí começava o problema! As pessoas gostavam muito das minhas fotografias, mas era só isso. Pagar para uma sessão fotográfica, para fotografar um concerto, um batizado, uma festa ou mesmo um casamento, não. Aí chamavam os ditos "profissionais".

 

Injusto, não? No entanto, o meu prazer em fotografar era tanto, que acabava por fotografar muita coisa à borla, com a desculpa de juntar para o meu portefólio. 

 

É certo, que esse portefólio me levou aos jornais e revistas onde trabalhei e até a alguns trabalhos como freelancer, mas ainda assim sentia que as pessoas "não me levavam a sério", era sempre a miúda que tinha jeito para fazer fotografias. Assim, quando fiquei desempregada decidi arriscar tudo e tirar um curso de Fotografia profissional na Restart. Um curso, que além do meu pouco dinheiro (muitas vezes não sabia como ia pagar a mensalidade, mas orgulho-me de nunca ter pedido dinheiro aos meus pais) me custou também o meu trabalho (trabalhei na escola, fazia parte das regras da meia bolsa que tive).

 

Entretanto, ainda fiz um curso de Fotografia de Moda para me especializar na área que mais gosto, mas 90% das vezes continuo a trabalhar em comunicação. E porquê? Porque as pessoas cada vez mais acham, que não vale a pena pagar pelo trabalho de um fotógrafo. Até porque há sempre um amigo que tem jeito, uma máquina e até faz umas fotos engraçadas.

 

Esquecem-se é que o trabalho de um fotógrafo não é só ir lá tirar umas "chapas", ele tem de observar, "estudar" os sujeitos, a luz, ver a composição, clicar e chegar a casa e editar as vossas fotografias para torná-las "maravilhosas".

 

Aliás, quando contratam um bom fotógrafo, podem estar descansados, que não vos vão entregar fotos com uns efeitos manhosos, desfocadas ou com enquadramentos marados. Aquele fotógrafo, está ali para tornar aqueles momentos em recordações únicas.

 

Tanto que, hoje em dia cada vez digo mais "não" quando me pedem ou sugerem certas coisas. Não, porque são muitas as vezes que me dizem "Ah! Não queres vir à minha festa, trazes a tua máquina e fazes umas fotografias?", "Não, não quero.", "Não quero, porque não sei se me estás a convidar porque queres a minha presença ou porque queres que tire umas fotos profissionais da tua festa." ou o clássico "Olha, não me podes fazer umas fotografias e eu mostro aos meus amigos? Pode ser que eles também queiram?" Sim, eles vão querer, mas vão querer uma borla tal como tu, por isso não".

 

Quando digo "não", faço-o não só por respeito ao meu trabalho, mas também pelos meus colegas fotógrafos, até porque para chegar onde cheguei, tive de investir na minha formação, no meu material fotográfico (quantas vezes tive a dispensa quase vazia para juntar para comprar as coisas) e tive de empregar o meu tempo para aprender e para editar, logo o que é que eu ganho ao fazer "borlas"? Amizade? É que a amizade não deve vir do interesse, nem paga as contas,pelo menos a mim.

 

Com isto, quero dizer, que quando pensarem em Fotografia, não pensem nela só como um hobbie, que para muitos é, mas que para outros tal como eu, é um trabalho e por isso deve ser respeitado e pago como tal.

 

Posto isto, caso precisem de uma fotografa, estou disponível para todo o tipo de trabalhos sejam eles eventos, festas, books de pessoas/animais, casamentos, batizados ou produtos. Eu vou dar o meu melhor!

 

PS: Podem ver a aqui a minha página de fotografia.

Graziela

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