Serviço Voluntário Europeu: testemunho
Já por diversas vários leitores(as) me falaram sobre o Serviço Voluntário Europeu (SVE), mas como nunca participei (apesar de me ter candidatado várias vezes), era-me difícil dizer como é que funcionam as coisas, como é a experiência, etc. Assim, lembrei-me de duas amigas que já fizeram SVE, e decidi convidá-las a escreverem sobre as suas experiências. Neste caso, deixo-vos apenas o testemunho de uma delas, a Clarissa, pois a outra ainda se encontra em SVE e não tem sido fácil contactar com ela.
Eu e a Graziela somos amigas desde que nos conhecemos na Universidade de Aveiro, onde estudámos há já alguns anos. Desde então sempre nos mantivemos em contacto, umas vezes mais contínuo, outras mais esporádico. E foi assim que surgiu este convite para vos falar um pouco da minha experiência SVE de 9 meses (Fevereiro – Novembro 2013) na Letónia. Convite esse que desde já agradeço.
Começo por vos dizer que todas as pessoas que participam no Serviço de Voluntariado Europeu recebem o chamado dinheiro para a alimentação e de bolso, o alojamento e a viagem de ida e volta também estão incluídos (na minha altura pagava-se 10% da viagem mas há excepções), para além do curso do idioma do país de destino. O que as pessoas recebem dá para viverem, se souberem gerir bem o dinheiro claro.
No meu caso não houve uma razão específica para eu ir de SVE, simplesmente aconteceu, foi algo que não planeei, um mero fruto do acaso portanto. Lembro-me de ter sentido um grande alívio depois de ter entregue a dissertação em Janeiro do ano passado, e ao mesmo tempo uma urgência em mudar a minha vida, fosse de que forma fosse.
On-arrival training em Puduri, Letónia
Um dia em conversa com uma amiga que fez SVE na Roménia, ela disse-me que seria uma boa ideia eu ir também. Li um pouco sobre o programa e vi na Internet algumas vagas a que me candidatei, desde que o(s) projecto(s) me interessassem minimamente. Também enviei currículos para diversas vagas, a nível nacional e internacional. Decidi então que a primeira resposta positiva que recebesse, fosse ela para que país fosse e durante o tempo que fosse, eu iria sem olhar para trás. E assim foi. Estava em diversos processos de recrutamento em simultâneo, mas assim que me seleccionaram para a Letónia, lá fui eu. Encontrei esta vaga no blog da minha organização de envio: a Spin. Normalmente algumas organizações de envio publicam as “vagas abertas” nos seus blogs, como a Rota Jovem e a Experimentáculo. Depois de receber as candidaturas a Spin enviou-as para a organização de acolhimento que me seleccionou. Como vivo em Ovar e a Spin está em Lisboa, toda a preparação para o meu SVE foi feita pelo Skype e por email. Ambas as organizações (envio e acolhimento) me esclareceram as dúvidas, por isso correu tudo bem.
Abertura da mostra no museu do Novo Castelo de Aluksne
Lá no país letão estive a viver numa vila paradisíaca aka Aluksne, na qual o meu local de trabalho era o Centro de Jovens. Inspirada por tudo o que me rodeava fiz uma mostra no museu com os projectos colaborativos, que desenvolvi com a população local, dei aulas de inglês e português, gravei e editei vídeos, entre outras coisas que podem espreitar aqui. Dependendo dos projectos e/ou organizações, há algumas situações (como a minha) em que é possível ir além da proposta inicial e/ou transformá-la. Escusado será dizer que isso é óptimo! Em linhas gerais passei a dar mais importância às pequenas coisas da vida, e assimilei uma cultura e idioma sui generis. Ainda que fruto do acaso, foi uma experiência que recomendo vivamente a todos os que ainda podem participar (entre os 18 e os 30). Agora o programa alterou-se um pouco, faz parte do erasmus +
P.S. Entretanto fui escrevendo alguns posts para a Spin sobre a minha aventura: o da chegada, o do meio, e o da partida.
*Obrigada Clarissa por teres aceite este desafio.